Transformando o ambiente: Minorias marcam presença na Campus Party 2017

No início desse mês, entre os dias 31 a 5, aconteceu a 10ª edição da Campus Party Brasil. Para os que não conhecem, a Campus é a maior experiência tecnológica do mundo que une jovens geeks em torno de um festival de inovação, criatividade, ciências, empreendedorismo e universo digital. Nesta edição foram mais de 700 horas de conteúdo, 09 palcos temáticos, uma internet cabeada de 40GB de velocidade e 6500 mil barracas na área de camping. (fonte) Dá pra imaginar o tamanho disso?

Neste ano, pela segunda vez como voluntário, primeira em São Paulo, pude perceber para quais direções o maior evento de tecnologia aponta. E elas são interessantes, animadoras. Começarei pela área freeplay, área dos consoles e computadores à disposição dos campuseiros e com campeonatos todos os dias. Para surpresa e constatação pessoal, havia apenas DOIS CONSOLES, em mais de 10 disponíveis, com jogos de futebol (adeus clube do bolinha!). Logo, a área dos “homens” estava aberta à qualquer um que quisesse jogar jogos de luta, plataforma e aventura. Durante os seis dias percebi várias garotas jogando e fiquei bem feliz, mesmo que ainda escutasse aqueles comentários idiotas do tipo: “você perdeu para uma menina. Que é isso!?”. (NEXT!) Dentro dessa área ainda havia campeonatos de LoL, Dota, CS, Just Dance e outros, e para aumentar minha felicidade, o segundo lugar de LoL teve uma menina na equipe! Sambou na cara dos “machões” no maior campeonato de moba do evento.

Ainda não parando por aí, pela primeira vez tivemos, oficialmente, um grupo LGBT fazendo parte desse mega evento: o Campus Pride. Segundo um dos responsáveis, Marcio Brito, a ideia é promover o que a Estela Camargo e o Renato Massaro (idealizadores do grupo) desejaram: formar um grupo com interesses em comum, no qual todos sejam ou tenham afinidades com o tema LGBT. (fonte) O grupo está no facebook, confira aqui. Completando esse espaço, tivemos diversas palestras (algumas sobre representatividade) e a presença de Lorelay Fox (Canal Para Tudo), Débora Baldin (Canal das Bee), Maicon Santini (Canal Maicon Santini) e Joely Nunes (Canal Afrontay).

As mulheres que desde o primeiro ano são minorias também marcaram presença. De acordo com a organização da Campus Party, cerca de 40% do total de 750 palestrantes eram mulheres – há alguns anos, o número chegava a apenas 5% do total. (fonte) Boa notícia não é mesmo? Espero que continue assim.

Infelizmente nem tudo são flores e o machismo é claro e reforçado tanto nos comentários como na postura dos campuseiros. No mesmo caminho, algumas empresas ainda estão longe de promover dignamente um evento de tecnologia para um público misto. Exemplo disso foi a marca Gillete, que presenteou os participantes com welcome packs. Nesses kits havia alguns itens e um barbeador masculino, item que causou desconforto às mulheres presentes. Tal reação repercutiu fazendo com que, em nota enviada ao Estado, a Gilette esclarecesse por que não foram todos os participantes da Campus Party que receberam o produto Mach3 no kit de boas vindas dos campuseiros. “Reconhecemos, no entanto, que a mecânica do sorteio foi equivocada e a participação deveria ser aberta a todos os participantes, por isso estamos modificando a mesma. Nos desculpamos com aqueles que se sentiram prejudicados”, afirmou a marca.” (fonte)

De qualquer modo, a presença de mulheres e minorias em eventos de tecnologia é crescente. Assim, torna-se cada vez mais necessário discutir esse cenário para termos ambientes mais humanos e justos. Quanto mais pontos de vista no mesmo ambiente, mais oportunidade de crescermos, tanto profissionalmente como pessoalmente.

Ps1: não morri.

Ps2: surpresas em breve.

Ps3: acreditem em mim!

Ps4: #paz.

Author: Victor Hugo Da Pieve
Especialista em Design de Interação (PUC-MG) e graduado em Design de Jogos e Entretenimento Digital (UNIVALI) é apaixonado pela experiência que os Jogos Digitais podem proporcionar. Atuou com Pesquisa e Desenvolvimento de Jogos focados em crianças com transtornos (TDAH e Autismo). Atualmente é Game Designer na equipe acelerada pela Playbor, uma aceleradora de jogos digitais brasileira, a primeira da América Latina.

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