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Virei Game Designer: O Desafio Da Organização


Voltando a sequência de artigos sobre minha experiência como Game Designer (confira o último aqui) hoje trago um item que impacta em todos os demais processos durante um projeto. A função do GD é evitar que isso aconteça e para isso é necessário organização. Organização nada mais é que forma como se dispõe um sistema para atingir os resultados pretendidos (Fonte). Devemos ter em mente que essa forma deve ir além da sua compreensão. Não adianta organizar um trabalho sendo que amanhã se você não estiver; todos ficarão perdidos. Trabalhamos em equipe e TODOS devem ser capazes de localizar informações sobre o projeto, tarefas a serem realizados, prazos, etcs.

Realizando uma procura rápida é possível encontrar diversos softwares/serviços que facilitam esse processo, no entanto, trarei os que me adaptei com maior facilidade.

Google Drive

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Google Drive é um serviço online que permite o armazenamento de arquivos na nuvem do Google. Com ele, é possível fazer o upload e acessar seus arquivos, incluindo vídeos, livros, fotos, arquivos do Google Docs e PDFs. (Fonte)

Antes mesmo de iniciar um projeto devemos ter um local seguro para armazenar o que produzimos. Qualquer informação é útil, por mais que naquele momento ou nos próximos dias não pareça. Recentemente precisei de definições de uma reunião de dois meses atrás e encontrei tudo registrado na ATA.  A ata é gerada em toda reunião (online ou não) e registra as ideias de cada um, principais pontos e discussões.

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O Discord é um servidor para chat por voz e texto no qual você pode reunir os seus amigos e conversar durante uma jogatina. (Fonte)

Assemelha-se a um Team Speak ou Skype, mas é possível criar chats para diferentes conteúdos deixando as conversas mais organizadas. É leve e estável, conheci recentemente e uso apenas para trabalho.

Trello

cxo-items-trello2O Trello é um sistema de quadro virtual para gerenciamento de tarefas que segue o método “Kanban”, muito usado no desenvolvimento com Scrum. Ele permita a criação de diversos quadros, nos quais podemos criar quantas colunas quisermos. Dentro de cada coluna é possível adicionar um ou mais “cards” (que são as tarefas propriamente ditas), contendo o conteúdo que o usuário desejar. (Fonte)

Para quem gosta de praticidade o Trello é excelente. Muito fácil de usar, personalizável, cria checklists, avisa prazos por e-mail, entre outras funções. Utilizo desde a universidade e nunca me deixou na mão.

Para gerenciamento de nosso projeto utilizamos uma metodologia específica, mas deixarei para um próximo momento pois requer maiores explicações. Quanto ao GDD (Game Design Document) existem várias versões, inclusive algumas bem interessante que discutirei posteriormente. Mas e vocês, como organizam seus projetos de jogos? Gostam de algum software em específico? Vamos compartilhar.

Cya! :]

Atualmente os Games são considerados produtos ou serviços?


Oi pessoal, eu sou a Paula e esse é meu post de estreia. 🙂 Jogo desde que me entendo por gente e sou profissional de marketing digital, com ênfase na indústria do entretenimento (leia-se, especialmente games). Sou Gerente de Marketing da Nuuvem, primeira loja e plataforma online de distribuição de jogos digitais do Brasil. Chega de introdução, espero que gostem do meu primeiro post, cuja intenção é abordar um assunto básico, mas pouco comentado didaticamente.

produtos-vs-serviços-M&G-01Há alguns anos, poucos poderiam imaginar que estaríamos fazendo essa pergunta. Jogos são produtos, claro, afinal o processo de desenvolvimento tem início, meio e fim e depois de terminado o game, ele é lançado. Certo? Sim, talvez isso fosse verdade há 10 anos.

Cada vez mais o mercado está migrando para uma “serviçalização” (me perdoem o neologismo) e isso não é verdade só para jogos, ou até para a indústria do entretenimento como um todo, e sim para diversos outros mercados. O SaaS (Software as a Service) chegou pesado e muitas das ferramentas que utilizamos hoje seguem esse modelo, especialmente no mundo do marketing.

Distribuição Digital
Tradicionalmente, os jogos eram desenvolvidos para console ou computador, colocados em caixinhas e enviados para os varejistas. Hoje, com o advento de lojas como Steam e a Nuuvem e de serviços como PSN, WiiWare e XBLA, a distribuição digital ganhou muito espaço e hoje tem um share significante, especialmente no que tange jogos para computador.

Produto vs Serviço
Independente do tipo da distribuição (digital ou física), se o jogo é comprado de uma só vez e pronto, ele é um produto. Tradicionalmente, neste caso a publisher quase não tem contato com o jogador. Ela distribui, o jogador compra e pronto. Não se inicia um relacionamento. Até hoje, a maior parte dos jogos AAA são assim, são os Call of Duty, The Sims, Assassin’s Creed da vida.

Aqui o modelo de negócios é razoavelmente simples:

modelo-de-negócios-jogo-produto-produtos-vs-serviços-M&G-02O grande volume de vendas ocorre principalmente no dia do lançamento e na semana subsequente. Os primeiros 3 meses pós-lançamento ainda são relevantes para as vendas, mas depois a curva cai (e a receita também). A imagem abaixo mostra a curva de vendas de um jogo-produto típico.

curva-de-lançamento-produtos-vs-serviços-M&G-03

Há um grande investimento de marketing (milhões de dólares) concentrado no pré-lançamento e em canais mais tradicionais (TV, eventos, ações de branding na rua)

Já aqueles games “sem fim”, continuamente atualizados, onde a desenvolvedora está sempre lançando novas fases, mundos, itens, são um serviço. Eles mantém o jogador engajado, voltando regularmente, pois não se zera um jogo-serviço. E, com isso, criam um relacionamento constante e duradouro com o jogador. Comumente, esses games são hospedados em um servidor (cloud gaming), como é o caso com os jogos Free to Play (ex: Candy Crush) e muitos outros jogos sociais (ex: Farmville), MMOs de browser (como RuneScape), entre outros.

Aqui o modelo de negócios não é tão simples:


Games as a Service Diagrama

Não há um grande lançamento de gala envolvido, então o fato do jogo vir a ser bem sucedido ou não, não é medido no primeiro dia de lançamento e sim ao longo de meses. Como podem ver na imagem abaixo, a receita do jogo-serviço entra não-linearmente, ao longo de meses, e não numa curva típica de cauda longa, como no jogo-produto.

curva-de-receita-free-to-play-produtos-vs-serviços-M&G-05 O investimento de marketing é bem menor que a do jogo-produto e diluído ao longo do ciclo de vida do jogo, com o uso de canais mais digitais (mídias sociais, blogs, Adwords, e-mail marketing).

E porque isso é importante?
Bom, se você é um desenvolvedor com uma excelente ideia para um jogo, você deverá ter uma noção clara de qual modelo quer seguir antes de começar o desenvolvimento. O design, mecânicas, marketing e distribuição do seu jogo irão variar muito dependendo do modelo que escolher. Começar a fazer o game e só depois se decidir é um tiro no pé, pois mudar o modelo no meio do caminho pode significar mudar todo o jogo, atirando no lixo meses de desenvolvimento.

Para o profissional de marketing, entender isso também é muito importante. O marketing para o jogo-produto é uma coisa e para jogo-serviço é algo totalmente diferente. 

Tabela Marketing jogo-produto vs jogo-serviço

Essa diferença é bem fácil de perceber ao se observar o papel de um game marketer: ele é mais focado em branding e em PR? Marketeiro de game-produto. Ele é focado em análise de dados, é amigo dos números e valoriza a comunidade? Marketeiro de game-serviço.

DLC-produtos-vs-serviços-M&G-06Um Meio Termo?
As DLCs acabam representando o deslocamento do jogo-produto para jogo-serviço, um meio termo. A publisher lança o jogo e “esquece” dele por um tempinho, mas não para sempre. Ao lançar uma DLC alguns meses depois, ela faz com que os jogadores que não estão mais engajados com o game (seja porque já zeraram ou encheram o saco dele), voltem a querer jogá-lo. Muitos jogos AAA já são lançados com toda uma pipeline de DLCs previstas.

Outros games encontram o meio termo de uma forma diferente que através de DLCs: eles mesclam modelos. Esse é o caso de muitas desenvolvedoras de jogos mobile, que escolhem vender o seu game (a $1,99, $3,99) e, além disso, lançam novos recursos com frequência e monetizam ainda mais os jogadores através de IAPs (in-app purchases).

Conclusão
Estamos vivendo uma mudança de paradigma: há os que defendem fervorosamente o jogo-produto e os que são fãs do jogo-serviço. Mas o que se observa na verdade é que as empresas que buscam ativamente um meio termo, acabam tendo um retorno muito maior sobre seus investimentos de marketing.